A generalidade dos cidadãos está, hoje, conformada com a ideia de que não existe alternativa a um Estado esbanjador de recursos. As elites políticas e académicas esgrimem impecavelmente argumentos sobre a necessidade de intervenção do Estado para apoiar os mais diversos projectos para a habitação, o emprego, a economia-quatro-ponto-zero, as artes, a cultura, etc. Seja qual for a questão que esteja na ordem do dia, somos confrontados com as mais imaginativas e “eficientes” soluções para se dar destino a mais uns milhões de EUR que nos permitirão viver melhor neste paraíso.
Sendo certo que existe debate político sobre a melhor aplicação dos dinheiros do Orçamento – de que resultará o benefício deste ou daquele grupo, deste ou daquele sector, desta ou daquela empresa – não existe, ainda, quem censure aberta e declaradamente o desbaratamento de recursos que o Estado pratica com os impostos que cobra aos cidadãos, também chamados de contribuintes.
Não admira que em resultado de tanto debate sobre a necessidade de ser o Estado a encontrar soluções para os mais diversos problemas – de que se devia distanciar – ele se tenha tornado um “despesista compulsivo”. Pois este despesista compulsivo, como todos os pacientes comportamentais patológicos, não possui nem sentimento de culpa consciência do problema, frequentemente negando-o, ao mesmo tempo que desenvolve estratégias destinadas a mascará-lo, procurando tornar a sua psicose aceitável para aqueles que são as suas vítimas. É o que, de forma subtil, pretende o Estado quando anuncia o
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO – Governo lança desafio aos portugueses
se ainda não viu, aproveite e delicie-se com este filme, são só 20 segundos:
https://www.youtube.com/watch?v=zBBtcM25chU
aí fica a saber que “O Orçamento de Estado é o orçamento de todos nós/ O orçamento das nossas ideias, pequenas e grandes/ que podem melhorar a vida de todos/ O importante é que as nossas ideias contam/ Queremos ideias/ Muitas ideias/ IDEIAS/ Todos contamos/ Porque são as contas de todos nós/ Você tem de certeza/ Uma ideia!”
Imbuído do mais elevado espírito de cidadania e crente de que o Estado e os seus servidores são capazes de avaliar o mérito de uma boa proposta (nãããã, estou a mentir, desculpem), decidi apresentar uma. Esta:
IMPOSTO É ROUBO
Devolvam os 5 milhões de EUR aos contribuintes. Vão ver que:
– eles são capazes de dar um fim útil ao dinheiro que lhes foi roubado;
– parte substancial desse dinheiro regressa rapidamente, via IVA, aos cofres do Estado.
Recebi de imediato o e-mail de confirmação com um link para clicar e obtive a informação de que a minha proposta foi submetida com sucesso.
Vamos ver se a proposta passa à fase de votação…