Pessoa-cidadão,
o momento é de solene consternação. Intensificam-se os boatos infames acerca de casas ardidas, hospitais evacuados, e expansão de alegados incêndios para o país vizinho.
É uma calúnia e uma absoluta falsidade que visa distrair o eleitorado daquilo que realmente importa, e além de fotografias, relatos, e colunas de fumo negro com 35 metros de altura, não existem quaisquer provas a corroborar esta campanha malsã.
Um casal de contribuintes vai pagar menos €4 de IRS este ano, e terão uma inserção social mais ecológica graças aos €50 que pagarão a mais pelo selo do carro.
Um independente (mesmo na sua condição de inimigo do Estado) que passe recibos de €600 traz para casa €270, mas tem quem o proteja da hipertensão, do sal, do temor à mudança.
Ainda que digam: “o país vai arder até ao natal” ao menos teremos quem nos impeça de estragar a saúde consumindo o arroz errado.
E Sócrates? Sócrates roubou? São também infâmias. E que tivessem algum fundamento. Se fosse o leitor não fazia o mesmo antes que o primo do seu vizinho o fizesse primeiro? Pois fazia e com toda a legitimidade. Ainda por cima, Pilatos mandou matar Cristo, o que é muito pior do que roubar. Graças a Pilatos, hoje há igrejas. Graças a Sócrates, durante nove anos houve pedreiros de Gondomar a receberem mais doze euros por mês, bom, oito após impostos. Estas coisas são maiores do que nós e felizmente há governantes que sabem melhor o que é bom para o povo. Há males que vêm por bem. Quem disser o contrário é um reaccionário e depressa haverá uma lei que os ponha a ferros para não virem estragar o sossego de todos os eleitores de boa índole.
Carry on, pessoa-cidadão. Há sempre uma luz na noite à porta de sua casa.